Saturday, April 10, 2010

Chuvas e a Calamidade Pública

As imagens que nos chegam pela televisão nos entorpecem. Casas, barrancos, imóveis, vidas que são perdidas pela força de uma chuva. Catástrofe que nós, enquanto seres humanos não predispormos de maneiras suficientes para, na medida do possível ou no limiar do perigo, evitá-las, porém há conhecimento suficiente para senão evitá-las, preveni-las.

Não há aqui porquê sentir remorso pelos meus comentários. A tragédia que assola parte do Rio de Janeiro e de diversas outras cidades do país tem raízes profundas no modo de distribuição de renda que não fica nem um pouco distante dos modelos de especulação imobiliária, danosos tanto no passado quanto no presente. A distribuição populacional da cidade do rio de janeiro e de muitas outras obedeceram a esses critérios de relevância, no modelo habitacional das comunidades carentes em questão.

Conforme a cidade vai expandindo-se para outros locais, as construtoras seguem um cronograma de posse e arrendamento dos terrenos. Ao passo que cria incontáveis conjuntos residências obriga antigos moradores a se afastarem ou a levantar suas residências em barrancos, encostas e locais que apresentam perigo à vida deles e das moradores desses conjuntos habitacionais.

Aqueles moradores oriundos dessas localidades nao tinham como angariar condições suficientes para morar em locais seguros, habitaram as encostas por serem de acesso muitas vezes mais fácil para os seus locais de trabalho pois quanto mais distantes maiores as dificuldades para esses moradores. Dessa forma se estende por longos anos e o crescimento populacional obriga as prefeituras e o governo a realizar benfeitorias a fim de oferecer o mínimo de dignidade para essas pessoas.

Sem que essas realizações não venham com outros ônus. É mais viável (não sei porquê) para as prefeituras, gastar vultosas quantias de dinheiro, pavimentando, colocando energia "criando" esgoto, para se cobrar o IPTU do que gastar um pouco menos em programas de arrendamento social e financiamento habitacional para essas famílias. Verdade seja dita que na atual gestão houve um incentivo maior para que famílias de baixa renda pudessem adquirir o próprio imóvel, mas essa realidade ainda não bate a porta do grosso populacional.

O gozo de programas como o "minha casa" acabam atingindo em maior quantidade as famílias com formação recente. As antigas famílias, moradoras dessas regiões, continuam a erguer suas casas nesses locais. Sem a menor garantia do governo e do município de que ao saírem, terão suas vidas re-estabelecidas em outro lugar.

O problema é grave, há conhecimento, há como se resolver, o que não há é vontade política e gestora para se fazê-lo.

Cordialmente
Rafael Gomes

Wednesday, April 07, 2010

Doloroso Despertar?

Quanto vale o investimento na educação superior?!

Alguém é capaz de calcular materialmente esse valor? Afinal se existem faculdades particulares é porque há um preço para tal. Mas, ainda assim, este preço tangencia o valor, moral e ético de seus anos dentro da academia?! Acredito que não, mas é exatamente por isso que vemos à quantas andam o descaso, com a ensino superior.

Falar em descaso em meio há políticas de ampliação de vagas e ensino dentro das universidades federais, financiamentos estudantis, pró-unis e tantos incentivos para que o brasileiro possa adentra o ensino superior chega a ser até heresia. Mas o descaso se constitui quando vemos à medida que essas políticas são aplicadas buscando ajudar àqueles que almejam o ensino superior e, em conseqüência, uma profissão.

Poderei aqui tecer comentários sobre as políticas afirmativas e ficar como muitos pais de família de classe média em geral que são contrários às medidas. Não, sou a favor delas, mas tão mais a favor que às cotas é necessário se buscar uma profunda reforma no sistema de ensino de base no país, este, atingirá muito mais profundamente a vida de todos os brasileiros e influenciando inclusive às graduações de letras que se multiplicam pelo país.

Isso já não é novidade. Alias, insistir na tecla de mudança profunda na educação de base desse país é algo discutido em livros de diversos escritores nesse país, vide exemplo Roberto Freire e tantos outros. Mas e para àqueles que já saíram das academias e se encontram com o mercado, é possível fracionar seu valor enquanto profissional?

Cada profissão possui seu grau de importância, as ciências em cada uma delas são necessárias pelo serviço público que estas nos proporcionam enquanto integrantes de uma sociedade. Mas ainda assim, individualmente chegaríamos à valores que satisfariam unicamente às nossas necessidades, não as necessidades reais.

Contudo não há como ficar incólume à diversas tentativas de ludibriar o cidadão que com esforço se forma nesse país. Vejamos o exemplo da prefeitura municipal de Cadebelo, na região metropolitana da Paraíba. Pois bem, a referida prefeitura realiza um concurso público no qual pretende contratar, profissionais como jornalistas, programados, publicitários, com apenas o 2° grau ganhando a bagatela de R$ 510,00 de vencimentos.

Isso não é tudo, os advogados e engenheiros, (estes com necessidade do diploma) levariam de vencimento R$ 617,00. É só uma amostra de como e até quando pode vir o descaso com o ensino superior e a determinada importância a formação profissional que muitos municípios e Estados Brasileiros procuram obter no seu quadro de funcionários.

Como jornalista, formado e diplomado, acredito que durante 4 anos dentro da academia a lição de vida que se aprende supera e muito apenas a práxis e a tecnicidade do saber jornalístico, propriamente dito. Sai da academia sendo um comunicólogo, capaz de atuar em diversos pólos da comunicação, e essa formação teórica, prática e humana, mão pode ser medida com salários, Mas, pode-se ver claramente que com os valores supracitados é cuspir na cara daqueles que esforçaram para desempenhar um trabalho de qualidade, com probidade e respeito em suas funções.

Fiquemos sempre de olho, nós enquanto profissionais (seja comunicação ou engenharia, ou medicina, ou jurídica) merecemos um respeito muito maior pelas instâncias públicas e privadas nesse país. Se a propaganda institucional invoca a necessidade de melhor instrução, que sejam dadas condições para que esse tipo de trabalho possa florescer, contribuindo para o crescimento profissional de cada um e de nossa nação.

Terrível, mas, vamos sobreviver

Saudações
Rafael Gomes