Wednesday, January 19, 2011

Quando o “modismo” ganhou o Troféu


Até que ponto o "modismo" pode ser relevante em se tratando de comportamento e análises estéticas? Bom, sabemos que não é porque algo é dito como moda que temos necessariamente que segui-lo, mas é verdade que ela reflete o momento que cada geração vive, criando um aspecto de identidade entre seus participantes, Geração coca-cola está aí para mostrar que não foi esquecida e é muito bem lembrada.

Mas em se tratando de filmes isso é obrigatório? Deve-se olhar o que for moda em detrimento da qualidade do material cinematográfico?. Essas perguntas talvez permeassem a cabeça de muitos cinéfilos que assistiram na noite de domingo (16) a premiação do Globo de Ouro, e viu como era de certa forma esperado, o sucesso de "A Rede Social" abocanhar os prêmios de melhor trilha sonora, filme, roteiro e direção.

Faço aqui certas reservas a essas premiações. Quer dizer que por conta delas o filme é bom? Nem sempre. Não estou dizendo que A rede social seja um filme medíocre. Muito pelo contrário, é um filme interessante de se ver. Contudo para os mais afoitos em mídias sociais e tecnologia podem ter se frustrado ao assisti-lo. O filme em si não aborda diretamente o Facebook, vai mais além, busca desenvolver as relações humanas oriundas da criação do projeto entre seu criador, Mark Zuckerberg e seus colegas de faculdade.
Cena do filme: A rede Social
Para quem não assistiu ao filme, A rede social conta a história da criação do Facebook (rede social que atualmente está com 600 milhões de usuários - ganhou 100 milhões nos últimos 06 meses), mas não conta a história em seu aspecto técnico, fala de como Zuckerberg teve uma idéia depois de ter terminado o relacionamento com sua ex-namorada. A partir daí, uma série de confusões e 02 processos judiciais envolvem a vida do jovem "geek", que se vê da noite para o dia, um fenômeno na faculdade e, em menos de 05 anos, criador da mais importante rede social virtual atualmente.

Jesse Eisenberg me convenceu no papel de Zuckerberg, retraído, obsessivo, compulsivo, rancoroso. Enfim, "qualidades" até certo ponto diferentes para o jovem ator. Contudo a meu ver não passa de uma atuação comum, com certo destaque. Talvez o ponto alto do filme seja a disputa entre seu ex-colega de quarto, o Brasileiro Eduardo Saverin (interpretado por Andrew Garfield - o próximo Peter Parker na sequência de Homem Aranha) e Sean Parker (Justin Timberlake) criador do Napster que também ficou conhecido por sofrer processos colossais no início de 2001/2 por conta da criação do seu programa de compartilhamento, Aliás, durante muito tempo, Parker e Lars Ulrich (Baterista da banda Metallica) Brigaram judicialmente por conta do seu programa.

No que tange aos aspectos técnicos, o filme não trás muitas novidades. Nem mesmo a trilha sonora. (filmes como Black Swan e A Origem). Mesmo que eu até goste de quem assina a trilha sonora do filme, que foi feita por Trent Reznor, vocalista do Nine Inch Nails, (pra quem não conhece, recomendo o som). Ainda assim, seriam bem melhor indicados para essa categoria. Não que eu considere David Fincher um mau diretor, aliás, bem longe disso, talvez seu momento mais brilhante tenha sido em filmes como Clube da luta, Seven ou  O Curioso caso de Benjamim Button se comparado com este.

A Rede Social, apesar dos pesares é, em minha opinião, um filme mediano que talvez tenha alcançado tamanha notoriedade por conta da maior rede social do mundo, mas mesmo assim, vale à pena assisti-lo. Afinal, como bem disse o 'teaser' do filme: "Você não constrói uma rede social com mais de 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos".

Tuesday, January 04, 2011

O Itamaraty e as Cotas Raciais

Alguns amigos próximos sabem, mas se porventura você é um leitor muito eventual deste blog, sabe agora. sou um entusiasta da seara diplomática, tendo por duas vezes tentado o CACD (vou tentar de novo até entrar hehe - desde que haja ampliação das vagas). Já escrevi vários posts aqui sobre a diplomacia e seu impacto na vida de qualquer país, não somente no aspecto financeiro mas também socio-cultural.

No fim da semana passada, o diário Oficial da União, publicou a notícia de que no CACD de 2011, haverá o regime de cotas no processo de seleção do concurso. Uma novidade bem recebida a meu ver, pois visa no caso trazer o maior contingente de estudantes negros junto a representatividade diplomática. conforme o Brasil vem crescendo dentro do teatro internacional fica sendo necessário essa inclusão.

Muitos lógico, são conta a iniciativa pois acreditam que as cotas ferem um direito adquirido e seriam vistas como um 'privilégio' para os candidatos negros e uma facilidade para que estes ingressem no Instituto Rio Branco. Segundo o DOU, o regime de cotas se inicia a partir da aprovação dos candidatos na segunda fase do concurso e não no ato de realização na primeira fase. (pra quem nao conhece, são 04 fases para se adentrar no Instituto Rio Branco).

A verdade sempre se situa por detrás das entrelinhas, não existe somente o que muitos sociólogos e defensores das cotas clamam como "uma dívida social" com os negros. A verdade é que o Brasil como a 2ª maior nação negra do mundo foi duramente criticada nos fóruns internacionais por não ter no seu corpo diplomático integrantes negros, o que foi visto como um contrasenso absurdo.

O Brasil se julga o mais importante país multi-étnico do planeta e, aparentemente quando se trata em questões diplomáticas, é o mais abastado possível. Nada mais natural visto que até bem pouco tempo, a carreira diplomática era por vezes assumida por políticos e por apadrinhamento sequer feito com profissionais capacitados para atuar precisamente em negociações internacionais.

Att
Rafael Gomes