Não é de agora que cidadãos de diversas cidades do Brasil reclamam do trânsito em vários locais, vamos tomar como exemplo a cidade de Aracaju que, de 2004 para cá, teve um boom de crescimento no número de carros na cidade. A situação se complica quando os horários de pico disputam a paciência dos motoristas e dos pedestres pelas ruas bem planejadas do centro da cidade e adjacências. Aracaju é um belo exemplo de como o planejamento urbano proposto na cidade ainda no séc. XIX não previu seu crescimento anos seguintes.
Mas esse não é um problema isolado. Estes dias tive a oportunidade de experimentar um pouco o que significa tráfego em grandes metrópoles e fui testar o trânsito de Porto Alegre, me surpreendi com a aparente organicidade do trânsito apesar de ter que rodar quase 40km (isso mesmo, 40km) de lentidão entre cidades da região metropolitana e a capital. Mas, consegui explorar o trânsito e apesar de não conseguir dirigir mais rápido, o trânsito caminhou, o intricado sistema de faixas, freeways, entradas, saídas, entre os escoamentos da cidade facilita e muito o fluxo do trânsito (coisa que a cidade de Aracaju deveria passar a aprender com urgência).
Quando nos acostumamos a ver nos telejornais o trânsito de cidades como São Paulo do qual quase sempre tenho o “prazer” de sentir na pele, percebemos de que forma mal elaborada foi pensado o trânsito no Brasil. A chegada das empresas automobilísticas no país durante os anos 30 e 40 forçou os engenheiros a criar rápidas estradas e adaptar as que já existiam sem pensar em desapropriar casas, construções a fim de não terem a obrigação legal de arcarem com o ônus de indenizar diversas famílias.
Isso é nítido quando vemos a diferença entre o fluxo de trânsito em cidades como São Paulo e Brasília, apesar de que ambas possuem estradas com diversas faixas, no Distrito Federal, as estradas foram pensadas de forma a comportar o trânsito que viria crescer décadas seguintes (hoje a situação já está bem difícil).
Será que precisamos mesmo de estradas? |
Devemos ter em mente que o modelo de construção de estradas que o Brasil adotou é semelhante ao modelo americano. Contudo vamos ponderar algumas distinções aqui. A diferença maior quando se observa o trânsito Brasileiro com o americano é a forma de construção das estradas, ainda nos anos de depressão, as linhas de montagem tinham fôlego para inundar o mercado com as diversas versões do Ford T e afins, para tanto era preciso ampliar a malha rodoviária, o New Deal ainda nos anos 30 previa o consumo de milhares de automóveis nos anos seguintes então, o desenvolvimento de estradas não era só uma necessidade mas uma previsão mercantil clara de que o consumo iria explodir nas décadas seguintes.
O modelo americano também se encontra defasado porque foi amplamente adotada por diversas outras nações do globo, a saída é a aposta em sistemas de transporte público? Tais como metrôs e ônibus? Custo acreditar que somente impondo a condição de transportar o cidadão com ônibus e metrô resolveria o problema do trânsito na sociedade global. Ainda que, o metrô seja sim um transporte que vem a ser um alento as dimensões urbanas atuais, os ônibus trazem outro problema - o custo de suas passagens, manutenção o que cedo ou tarde poderá encarecer mais ainda quem usará esse tipo de transporte.
Talvez a saída seja a concessão de benefícios fiscais as pessoas que, por exemplo, abrem mão de utilizar o veículo e poderiam ter reduzido os custos de impostos, mas é preciso antes de qualquer coisa repensar todo o complexo urbano em que vivemos. Só assim é possível encontrar uma saída para o caótico início de manhãs e fim de tarde que todos nós vivenciamos.