Com quase um ano e meio vivendo
na região sul do Brasil, passei a questionar muitas coisas, sobretudo com
relação ao nordeste, região de onde sou natural. Não vou me prender no óbvio em
que, muitas pessoas alegam como: A colonização europeia na região sul favoreceu
os moradores para que tivessem melhores condições, ou que na região nordeste
não existe infraestrutura por conta do índice elevado de corrupção de seus
governantes. Incomoda-me que essas comparações só denotam a superficialidade
com que, tratamos de fato as configurações socioeconômicas desse país. Por isso,
acredito que esta é na verdade, a ideia que muitos, como eu, compartilhamos. A
de que:
Nosso governo, da situação ou
não, reforça o preconceito regional do país.
Basta passear um pouco pelos
municípios da região sul e sudeste, para vermos o nível de comprometimento e
atenção dado pelos governantes à região. Aqui no RS, por exemplo, viajo por
diversos municípios e quando vejo algumas obras, percebo o empenho dos
governantes em buscar apoio tanto da seara estadual quanto principalmente
federal. A liberação de recursos para essas regiões acabam por ter uma
celeridade muito maior do que em outras regiões.
Percebo por exemplo, quanto custa
convencer para a região nordeste o empenho dos governantes em liberar recursos
para execução de obras, seja em nível municipal ou federal. Muitas vezes,
chegam a se passar gestões presidenciais para que este tipo de situação ocorra.
Mesmo o próprio presidente Lula, filho do nordeste e que, tentou levar a cabo
muitas obras para a região, não conseguiu evitar que muitas delas, sofressem
com constantes atrasos, muito mais do que nas regiões sul e sudeste.
É também muito cômodo observar
que a cultura do “ajudar a região mais carente do Brasil” entrou no corolário eleitoral
sem sequer distinguir de que forma ela acontece. Tratar o sertanejo que sofre o
flagelo da seca como um cidadão que precisa receber pensão do governo não é uma
forma de incluir socialmente, mas sim de relega-lo ao limbo das ações sociais.
O sertanejo que lá se encontra sabe que a região que ele está pode oferecer
condições de vida tão boas quanto na cidade, desde que se busque desenvolver na
região a cultura do pertencimento. A terra e o subsolo da região possui o que há
de mais rico em todas as regiões, mas prefere-se abraçar o cidadão, como se
fosse um filho pródigo, do que fornecer-lhe as ferramentas corretas ao seu
sustento.
Na região sul, a convergência de
ideias e cooperativas que buscam encontrar a saída para problemas como secas
ocasionais ou enchentes são muito mais efetivas e há principalmente a questão,
que pouco se levanta, do “berço cultural”, em que o espanhol, italiano, alemão,
russo, e afins passam a ser muito mais “evoluídos culturalmente” do que o
negro, mulato, mameluco das regiões nordeste e norte do país, uma pena.
Não estou aqui questionando o
fato de ajudar ou não as diferentes regiões do país, mas sim querendo entender
aonde entra a ajuda e a assistência. Prestar Assistência nem sempre é o mesmo
que ajudar. Se a proposta é que o Brasil
seja um país de todos (slogan do governo passado), o ideal seria que todos
pudessem construir um Brasil só, e não vários.
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